quinta-feira, 7 de abril de 2022

Toyota vai fechar fábrica que produz peças para o modelo Bandeirante, em São Paulo

A montadora japonesa Toyota anunciou na última terça-feira (5), que vai fechar sua fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e transferir as operações para as unidades tradicionais de Sorocaba, Indaiatuba e Porto Feliz, no interior de São Paulo, a partir de dezembro.

A fábrica mais antiga do grupo no País, inaugurada em 1962 e onde foi produzido o icônico jipe Bandeirante, fabrica atualmente peças que equipam modelos de veículos produzidos no Brasil, Argentina e Estados Unidos e emprega atualmente cerca de 550 funcionários. Desparece assim uma das fabricas mais tradicionais do setor no Brasil.

Sobre o Toyota modelo Bandeirante:

Assim como muitos fabricantes importantes instalados no Brasil, a Toyota construiu parte da história do automóvel nacional na década de 50, quando trouxe um improvável utilitário 4×4 que se tornaria um dos pilares resistentes que sustentaram a grande estrutura que se tornou posteriormente a indústria automobilística do país. Este modelo era o Toyota Bandeirante.

Na verdade, a produção do Toyota Bandeirante parou de ser feita nessa unidade desde 2001, quando a empresa mudou a configuração de produção do veículo completo, para produzir apenas peças.


Mas, Toyota Bandeirante é uma marca tão forte no Nordeste que, em 2019, em Pernambuco, foi objeto de uma normatização do Transporte Complementar é resultado dos trabalhos da Comissão Especial instituída pelo Decreto 47.807, de 19 de agosto de 2019.

Ele é tão importante que o Estado chegou a definir as regras de atuação para quem realiza o transporte remunerado de passageiros intermunicipal no interior do Estado pela Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal (EPTI) – órgão fiscalizador do sistema.


Esse movimento quando a EPTI queria proibir o uso do Toyota como transporte de passageiros, contrariando uma cultura e um negócio que movimenta mais de 2.000 proprietários do icônico Toyota Bandeirante.

Na verdade o Toyota Bandeirante era considerado indestrutível por muitos clientes, valendo-se do uso de tração 4×4 ou mesmo com tração 4×2.

Nos anos 70 e 80, por exemplo, concessionárias de tratores usavam o Toyota Bandeirante para alcançar os locais onde os veículos estavam quebrados ou precisavam de manutenção no meio rural.

E pouca gente sabe que no Censo de 1970 e 1980 o IBGE usou muito o Toyota Bandeirante nos censos nacionais para chegar em locais mais remotos do Brasil. O Toyota Bandeirante também se alistou nas Forças Armadas assim como fez e faz a alegria de muitos aventureiros se embrenhando nas milhares de trilhas espalhadas pelo Brasil.

Segundo o site WebMotors o preço mínimo de um Toyota bem conservado é de R$ 60 mil. Veículos modificados chegam facilmente a R$ 100 mil.

Mas em Pernambuco ele é veículo de transporte no interior com decreto de regulamentação. Pode parecer estranho que no ano de 2022 ainda se adote esse tipo de veículo, mas a verdade é que o Toyota chega em qualquer lugar.

Segundo o pesquisador Ricardo de Oliveira, técnico mecânico, formado há 25 anos e jornalista no Notícias Automotivas o veículos começou a ser produzido no Brasil em maio de 1962, no bairro Planalto, em São Bernardo do Campo, surgia uma nova fábrica construída para o modelo.

Naquele ano, ele já com o nome nacionalizado, como uma referência aos portugueses de saíam da Capitânia de São Vicente para desbravar o inóspito Brasil a partir do século XVII.

Foi nesse mesmo ano que chegou o Toyota Bandeirante com capota de aço, sendo oferecido junto com o “conversível”. Também chegou uma versão perua com chassi alongado do mesmo modelo fechado e a picape com caçamba de aço.

A possibilidade de alongamento como se viu em Pernambuco foi um novo diferencial. Nasceu ali uma linha de oficinas que até hoje se dedicam a alongar o veículo que pode levar ate 12 pessoas e muita bagagem.

Segundo Ricardo de Oliveira o Toyota é um sobrevivente da gloriosa década de 50 que viu nascer no Brasil a GEIA (Grupo Executivo da Indústria Automobilística) e com ela a chegada das “primeiras fábricas”, literalmente em referência aos fabricantes Scania, Volkswagen, Karmann-Ghia, DKW (através da Vemag), Isetta (através da Romi), entre outras ligadas ao setor, que inauguravam suas plantas fora de seu país de origem.

A Toyota, da mesma forma, foi uma delas e isso aconteceu muitos anos antes de qualquer outra planta da japonesa fosse erguida fora do Japão.

Uma das marcas do Toyota Bandeirante e a força do seu motor diesel que literalmente o fazem tremer. A origem dessa característica é curiosa,

Deriva de um acordo com a Mercedes-Benz para uso do motor OM-324 3.4 de 78 cavalos, apelidado de “britadeira”. Sua potência num veículo como o Toyota viraria uma característica marcante. Seria assim, com coração alemão que o Toyota Bandeirante seguiria por quase toda a sua vida no Brasil.


Fonte: Fernando Castilho

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